A competitividade do mundo corporativo nunca foi tão intensa. Empresas são pressionadas por inovação constante, metas agressivas e mudanças aceleradas no mercado. Nesse contexto, muito se fala sobre performance, produtividade e engajamento. Mas, em silêncio, dois fenômenos crescem dentro das organizações, comprometendo resultados de forma brutal: o burnout e o boreout.
São os dois extremos do mesmo problema: de um lado, o esgotamento pelo excesso de demandas; do outro, o esgotamento pelo vazio, pela falta de propósito e desafios. Ambos minam a energia dos colaboradores, corroem a cultura e drenam os indicadores de negócios. O que está em jogo aqui não é apenas a saúde dos indivíduos, mas a sustentabilidade do desempenho corporativo.

O que é burnout e por que ele se tornou epidêmico?
O burnout foi oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional. Ele ocorre quando a exposição prolongada ao estresse crônico no trabalho leva à exaustão emocional, física e mental.
Seus sintomas incluem:
- Cansaço persistente: mesmo após descanso, a pessoa não recupera energia.
- Despersonalização: sensação de distanciamento em relação ao trabalho, clientes e colegas.
- Queda na performance: dificuldade de concentração, aumento de erros, procrastinação.
Segundo a McKinsey, até 25% da força de trabalho global apresenta sintomas sérios de burnout.
Isso significa que 1 em cada 4 colaboradores pode estar operando muito abaixo do seu potencial ou caminhando para um afastamento, um dado que deveria acender todos os alertas no board.
O que é boreout e por que quase ninguém fala sobre ele?
Se o burnout é consequência do excesso, o boreout nasce da escassez. É o esgotamento causado pelo tédio, pela subutilização das capacidades e pela falta de propósito no trabalho.
Um colaborador em boreout:
- Sente-se desmotivado porque suas tarefas não o desafiam.
- Perde energia por não enxergar valor em sua contribuição.
- Desenvolve sintomas de ansiedade, apatia e até depressão.
O problema é que, em vez de pedir ajuda, muitos optam por entregar o mínimo, permanecendo invisíveis. Isso gera uma perda silenciosa de engajamento que, somada ao burnout, pode ser devastadora.

O custo organizacional desses extremos
Burnout e boreout não são “questões pessoais” que ficam na esfera individual. Eles impactam diretamente o desempenho da organização em múltiplas frentes.
- Produtividade: colaboradores desengajados ou esgotados produzem menos. A Gallup estima que equipes desengajadas custam às empresas 18% do salário anual de cada colaborador em perda de produtividade.
- Absenteísmo e presenteísmo: afastamentos médicos por questões de saúde mental aumentaram exponencialmente na última década. O mais grave, porém, é o presenteísmo. Colaboradores que comparecem fisicamente, mas sem energia para entregar. Esse fenômeno é invisível e altamente corrosivo.
- Retenção de talentos: profissionais que enfrentam esgotamento buscam outras oportunidades. O turnover aumenta, os custos com recrutamento se multiplicam e a empresa perde capital intelectual.
- Cultura organizacional: ambientes marcados por burnout ou boreout geram desconfiança, falta de pertencimento e enfraquecimento do propósito coletivo
Por que líderes ainda ignoram burnout e boreout?
Apesar da gravidade, muitas lideranças subestimam ou ignoram esses fenômenos. Os motivos são três:
- Cegueira de métricas: produtividade é medida apenas por entregas, e não pelo nível de energia e bem-estar dos times.
- Cultura da exaustão: em muitos ambientes, jornadas longas ainda são vistas como sinal de comprometimento, e não como risco.
- Ausência de sistemas de monitoramento: sem dados contínuos sobre engajamento, saúde e movimento, o RH depende de percepções subjetivas. Quando percebe, o problema já virou afastamento.
Essa negligência custa caro. E o mais grave é qiue compromete a sustentabilidade da performance.
O papel do RH protagonista
O RH que deseja ocupar uma posição estratégica precisa assumir que burnout e boreout são questões de gestão do negócio. Isso implica:
- Prevenção contínua: não basta oferecer ações pontuais de bem-estar. É preciso estruturar programas permanentes que integrem saúde física e mental.
- Dados em tempo real: sem indicadores claros, não há como justificar investimentos nem antecipar problemas. Plataformas que oferecem dashboards de saúde e engajamento tornam o RH preditivo.
- Engajamento cultural: combater burnout e boreout não é só oferecer suporte individual. É criar uma cultura que valorize movimento, propósito e equilíbrio.
- Capacitação de líderes: gestores precisam ser treinados para identificar sinais precoces e agir antes que o problema se agrave.
Aqui, o modelo LaaS (Lifestyle as a Service) é um divisor de águas: transforma saúde e bem-estar em uma jornada estruturada, gamificada e orientada por dados.

O equilíbrio como ativo estratégico
Equipes saudáveis são mais inovadoras, mais resilientes e mais colaborativas.
Ignorar burnout e boreout significa permitir que a empresa opere com parte significativa do seu capital humano em baixa energia.
Por outro lado, empresas que assumem a saúde integral como pilar estratégico não apenas reduzem custos com afastamentos, mas também criam um diferencial competitivo poderoso: times energizados, conectados e produtivos de forma sustentável.
Esse é o verdadeiro ROI de investir em saúde: menos custos, mais resultados e uma cultura organizacional capaz de atrair e reter os melhores talentos.
Agir agora é imperativo
Burnout e boreout não são tendências passageiras. São sintomas de uma era marcada por pressões extremas e, ao mesmo tempo, por uma perda de propósito em muitas atividades.
As empresas que escolherem fechar os olhos para esses problemas vão pagar caro em queda de performance, aumento de turnover e perda de reputação como empregadora.
Já aquelas que enxergarem o problema como oportunidade de transformação cultural sairão na frente: terão colaboradores mais saudáveis, mais engajados e capazes de sustentar a performance no longo prazo.
A escolha está posta: esperar a próxima crise de saúde coletiva ou construir agora um ambiente ativo, equilibrado e de alta performance.